quarta-feira, 7 de abril de 2021

Organização Política de Brejão, PE

Brejão - Ponte sobre o Riacho Seco - Construído pelo prefeito Mário Lira na década de 1930
Na sesmaria concedida ao Mestre de Campo Nicolau Aranha Pacheco e outros, em 22 de dezembro de 1658, entre os sítios organizados, foi o da Sambaíba, comprado pelo Coronel Manoel da Cruz Vilela, por escritura pública lavrada na Vila de "São Francisco da Barra do Sergipe do Conde", em 20 de novembro de 1704, a dona Madalena Clara Pereira, Curadora do seu marido o Alferes Nicolau Aranha Pacheco e Albuquerque, herdeiro do sesmeiro, pela quantia de  trezentos mil réis, conforme se lê no livro número 11, folha 44, do 2º Cartório de Garanhuns.

O território do referido sítio, ao tempo da sua compra, começava onde o Repartição faz barra no Rio Mundaú e pelo Riacho acima, se dividia com o sítio do Buraco até o confronto na barra do Riacho Aracá, de onde prosseguia pelo Riacho Repartição até a sua nascente principal e daí até o Riacho Seco, dividindo-se com o sítio do Saco, indo pelo Rio Mundaú abaixo até encontrar a sesmaria dos Burgos, já então propriedade do mesmo comprador e comitando, pelo leste e pelo sul com o Riacho Seco. Esse território quase todo o que compõe o Município de Brejão.

Fonte Pública de Brejão - Inaugurado em maio de 1931 pelo prefeito Mário Lira
Posteriormente à compra do sítio Sambaíba, no seu território, foram se organizando outros sítios entre os quais foi o de Brejão cujo proprietário, que ignoramos, na sua sede, fincou uma grande cruz e, tempos depois, em frente a ela, foi erigida uma capela sob o orago da Santa Cruz, já existente em 1852, na qual seu capelão, Padre Francisco do Rego Baldaia, em 25 de fevereiro daquele ano, efetuou o primeiro casamento cujos nubentes foram: Severino Gomes da Silva e sua prima dona Teodora Maria da Conceição, ele filho do casal José Félix Barreto e Josefa Gomes da Silva e ela filha do casal Pedro Francisco de Vasconcelos e Maria do Rosário. Dai por diante muitos outros casamentos foram realizados na capela da Santa Cruz, pelo Capelão, como, por exemplo, o de José Barros de Araújo, filho do casal Antônio Dias da Silva e Senhorinha Maria das Virgens, como dona Josefa Maria de Jesus, filha do casal Antônio de Amorim Souto e Elena Maria de Jesus, aos 22 de novembro de 1857. Nesta mesma data realizou-se o casamento de Antônio Valentim de Barros, filho do casal João José de Araújo e Izidória Francisca de Barros, com sua prima Izabel Ferreira de Barros, filha do casal José de Barros Silva e Úrsula Maria das Virgens, e assim por diante.

Quando em 1883, a povoação do Corrente, sede do segundo distrito de Garanhuns, dele se desmembrando para tornar-se o seu próprio Município, instalado naquele ano, a povoação da Palmeira (Palmeirina) sede do terceiro distrito a substituiu na categoria, e a do Brejão de Santa Cruz, formada em torno da respectiva capela, passou a sede do terceiro distrito criado naquele mesmo ano.

Pontilhão sobre o riacho "Repartição" - Estrada de Garanhuns a Bom Conselho - Década de 1930
No distrito  composto de um território fertilíssimo para a agricultura, principalmente o café, verificado nas primeiras colheitas deste produto a sua superior qualidade, foram se fundando fazendas que se multiplicaram, o que mais contribuiu para o crescimento da sua população e sua riqueza, assim como para o progresso da sua sede, o que muito facilitou a sua emancipação.

Pela Lei número 3.337 de 31 de dezembro de 1958, o Distrito foi desmembrado de Garanhuns, transformando-se em Município autônomo em 1º de março de 1962, com o seu prefeito provisório, o cidadão José Custódio das Neves, que o governou até 15 de novembro do mesmo ano, quando passou o governo ao primeiro eleito Luiz Ferreira de Barros.

A Comarca de Brejão, também criada pela citada Lei, foi instalada, solenemente, pelo seu primeiro Juiz de Direito, o Dr. Jáder Jordão de Vasconcelos, aos 8 de junho de 1962, abrilhantada com a presença de muitos cidadãos de grande relevo social, que foram: O Dom José Adelino Dantas, Bispo da Diocese de Garanhuns; Pedro de Souza Lima, Prefeito do Município de São João; Dr. Edgar Bezerra Leite, Deputado Federal; Dr. Uzzae Canuto, e muitos outros; e do novo Município os cidadãos: José Custódio das Neves - Prefeito; Dr. Jairo Rocha Ferreira - Promotor Público; Boanerges Cerqueira, delegado de Polícia; Mário da Silva Souto, Abelardo Ramos da Costa, e muitos outros.

O referido Juiz de Direito, já no dia 4 do mesmo mês, havia empossado os serventuários seguintes: Francisco Ferreira Lopes - Tabelião; Sebastião Cavalcanti - Oficial do Registro Civil; José Dias da Silva; Marcelon Teixeira de Araújo - Partidor e Contador; e Pedro Viana de  Carvalho - Oficial de Justiça e Porteiro dos auditórios.

D. Maria do Espírito Santo - A primeira mulher
eleita vereadora no município de Brejão em 1962
Para formar o primeiro governo constitucional do Município, nas eleições que se realizaram em 07 de outubro de 1962, inscreveram-se como candidatos ao Poder Executivo, os cidadãos: Luiz Ferreira de Barros e José Dias da Silva, e para o Legislativo os cidadãos: José Osório de Barros, Agilberto Bento de Moraes, Mário da Silva Souto, Antônio Lopes Ferreira, Horácio Eulálio Rodrigues, Teotônio Ferreira dos Santos, Joaquim Sobrinho, Joaquim Alexandre da Silva, Hélio Leite de Arruda, José Rodrigues Alves, Manoel Barbosa Calado, Maria do Espírito Santo, Valdomiro Siqueira Pinto, Lindelberto Monteiro de Vasconcelos, Abel Pinto de Barros, João Raimundo da Silva, Hermínio Trajano de Góes e Epifânio Bispo Monteiro.

Realizadas as eleições delas saíram eleitos os candidatos seguintes: para o cargo de prefeito - Luiz Ferreira de Barros, com a maioria de três votos sobre o seu competidor José Dias da Silva, o que ficou demonstrado o real valor de ambos, no conceito dos eleitores. Para vereadores: José Osório de Barros, Horácio Eulálio Rodrigues, Antônio Lopes Ferreira, Mário da Silva Souto, Agilberto Bento de Moraes, Manoel Barbosa Calado, Maria do Espírito Santo, Valdomiro Siqueira Pinto e Joaquim Fausto Sobrinho.

A posse de todos os eleitos foi realizada em 15 de novembro do mesmo ano e a Câmara dos Vereadores foi assim organizada: Presidente - Mário da Silva Souto. Vice-presidente - José Osório de Barros. Primeiro e segundo Secretário - Agilberto Bento de Moraes e Antônio Lopes Ferreira, respectivamente. Pouco tempo depois, para assumir um cargo na Superintendência da SUDENE, o primeiro secretário renunciou à sua cadeira sendo substituído pelo suplente Teotônio Ferreira dos Santos.

Alfredo Leite Cavalcanti / História de Garanhuns Volume II - 1973

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